Já ouvi várias pessoas contando sobre suas experiências de morar fora; seja de sua cidade, estado ou país. O que mais ouço são os comentários sobre as diferenças culturais, de estilo de vida, frieza do povo, e das dificuldades da adaptação inicial. Confesso que nunca pensei que eu teria um dia esta experiência, embora sonhasse com ela, nunca cogitei transformar meu plano em realidade, portanto, no expectations at all!
Eis que a oportunidade se apresentou, não por minhas mãos, mas pelas mãos de alguém tão importante que decidi virar minha vida de pernas para o ar. Hoje posso dizer, não é fácil!
Quando moramos em outro país temos algumas dificuldades já esperadas, mas são as inesperadas que fazem a gente crescer, aprender, melhorar; não sem antes muita dor. Não há mudança sem dor! Se não houve um pouquinho de dor, espere, e logo perceberás que não foi uma mudança real.
Não há o que comparar, e ponto.
Aprendi que os amigos são muito mais importantes do que percebemos no nosso dia-a-dia. Aprendi que há amigos que são mais amigos do que os amigos que consideramos mais amigos! Entender e aprender isso é tão difícil quanto ler a frase que escrevi. E é na releitura da frase, assim como da vida, que entendemos o sentido de tudo.
Cheguei em Porto Alegre vazia de mim, vazia de quem eu sempre fui. Confesso; me perdi de mim em Nova Iorque! As experiências não esperadas, as dificuldades para as quais eu não estava preparada me tiraram do centro de tal forma que esqueci quem eu era, desaprendi a ser eu. Porém, ganhei experiência, entendi o que havia esquecido de levar comigo.
Rever a família, conversar com amigos, comer minha pizza favorita, ir ao Grupo São José, ouvir "Bah", "Capaz" e "tri-legal" fez com que eu lembrasse quem sou. Lembrei de mim.
Hoje voltarei para NYC, mas retorno diferente. Volto sabendo que a cidade nunca dorme e que eu também não posso dormir. Volto sabendo que não posso ter expectativa de ter melhores amigos lá, mas que meus amigos daqui são de verdade e que estarão comigo mesmo longe. Volto sabendo que lá não comerei minha pizza favorita, mas não quero procurar uma que concorra com ela. Chegarei lá sem querer encontrar as coisas que tenho aqui. A única coisa daqui que eu não posso mais deixar fora da bagagem é minha essência.
Um dia, numa fase poética, escrevi: "Me encontrar foi tão bom que sou capaz de me perder de mim novamente só pelo prazer do reencontro!" Hoje, digo diferente: "Me encontrar foi tão bom, que nunca mais me deixarei partir de mim!"
Vem Big Apple, estou pronta para ti!
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